É possível desacelerar o ritmo?
Nos dias atuais, vivemos uma epidemia de impaciência e ultravelocidade, dando a sensação, em alguns momentos, que vivemos na velocidade 2x. Essa sensação (e muitas vezes realidade!) é reforçada (ou talvez causada) pela alta velocidade da circulação das informações nos meios digitais, ou até mesmo pela cobrança que essas informações colocam sobre nós: seja produtivo, leia todos os dias, faça isso, faça aquilo, a vida saudável é assim, assado e etc. gerando peso e pressa em cada detalhe das nossas vidas. Então fica o questionamento: até que ponto isso é saudável a nível mental? A impaciência e alta velocidade no dia a dia é, de fato, prejudicial a nível psíquico, podendo gerar, inclusive transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão.
É possível sim desacelerar e viver um ritmo de vida mais humano e menos robotizado. E isso é possível tanto para adultos, como para crianças, nesse último caso cabe aos pais ensinar seus filhos. A primeira dica para desacelerar é permitir-se experienciar os processos tal como eles são, prestando atenção em cada passo. E isso vale desde preparar um bolo até escrever um projeto para empresa, ou até mesmo para algo mais simples como tomar um banho. Você já prestou atenção em como você toma banho? Quais passos você faz? Qual ordem você segue? Já parou para prestar atenção nos aromas e nas texturas do banho?
A segunda dica que pode ajudar é desenvolver a habilidade de concentração, por exemplo ler, realizar jogos de lógica, aprender um hobbie que exija essa concentração como pintar telas, costurar, esculpir, etc.
Para quem tem filhos, atividades que os auxiliem a desacelerar podem também ser benéficas para os adultos, como por exemplo, não ter o dia inteiro preenchido, deixar que as crianças lidem com o tédio, exercitem a espera, a observação ou até mesmo a contemplação. E isso pode ser acompanhado pelos pais para que também treinem essas habilidades!
Ensinar as crianças a acompanhar os processos naturais da vida, como o nascer e desabrochar de uma planta, ou observar o tempo que a água que bebemos demora para sair do organismo entre outros. Essas observações ajudam pequenos e adultos a se conscientizarem de que alguns processos não podem e não devem ser acelerados.
Diminuir os estímulo externos como celular, tablet, videogame e aumentar os estímulo internos através de brincadeiras que exijam imaginação também auxiliam a desenvolver um ritmo mais humanizado. E por fim deixar que as crianças façam as coisas sozinhas. Não fazer as tarefas por elas para ir mais mais rápido é um bom treino sendo um treino de paciência tanto para o adulto quanto para a criança.
Todas essas dicas são importantes para auxiliar a termos um ritmo mais adequado para saúde mental, porém antes de colocar tudo isso em prática, vale a pena um belo exercício de auto observação: em quais momentos estou mais agitado, ou perco a paciência mais fácil, o que tenho feito muito rápido e acaba comprometendo a qualidade? A auto observação sempre vem em primeiro lugar para melhor intervenção a posteriori.