Deficiência intelectual: entenda o diagnóstico
Com políticas e visões de mundo cada vez mais inclusivas, muito tem se debatido a respeito da deficiência intelectual. Em uma época em que informações desatualizadas ou pouco precisas são difundidas, é importante descrever os critérios mais atuais sobre o assunto.
Na classificação atual do Manual Estatístico e Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSM V), a deficiência intelectual é um padrão persistente de déficits nas habilidades mentais – raciocínio, solução de problemas, juízo, pensamento abstrato aprendizagem acadêmica e geral – confirmados tanto por avaliação clínica quanto por mensuração de testes padronizados.
Essas dificuldades causam prejuízos na capacidade de adaptação da vida do sujeito em área conceitual (acadêmico), social (habilidades interação com a comunidade) e ou pragmática (atividades de vida diária) dificultando o alcance de independência e responsabilidade social.
Por se tratar de um transtorno do neurodesenvolvimento, os sinais aparecem durante o período de idade de desenvolvimento. O nível de gravidade vai do leve ao profundo, indo do menor prejuízo em vida diária até a mais profunda dificuldade e necessidade de suporte (American Psychiatry Association, 2013).
Conforme mencionado, concomitante à avaliação do funcionamento geral clínico é importante realizar a avaliação com testes padronizados de inteligência, que é realizado pelo psicólogo. Essas ferramentas possuem critérios estatísticos que comparam o desempenho da pessoa com seu grupo de idade, gerando o número do Q.I. (quociente intelectual).
O Q.I. é uma medida geral que reflete o funcionamento intelectual do indivíduo, sendo a média da população calculada em 100. Em geral, na deficiência intelectual, esse valor fica abaixo de 70 (para saber mais sobre conceitos mais atualizados de inteligência acesse meu texto sobre isso:
Este resultado deve sempre ser analisado em conjunto com as informações gerais de funcionamento do sujeito, de preferência em uma avaliação neuropsicológica completa (avaliação minuciosa das funções cognitivas como atenção, memória, planejamento etc.) realizada por um neuropsicólogo habilitado.
A partir da realização do diagnóstico é de vital importância a estimulação da aprendizagem para que a criança desenvolva habilidades necessárias para a melhor adaptação possível. A avaliação neuropsicológica regular para acompanhamento do desenvolvimento é fundamental para acompanhar o desenvolvimento cognitivo e intelectual da pessoa.
Bibliografia
American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders – DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.