Como você se percebe?
A pergunta pode ser simples e geralmente já vem acompanhada de uma resposta. Enquanto
alguns diriam qualidades positivas de si mesmos outros já trariam aspectos dos quais não
estão satisfeitos. Há ainda aqueles que diriam não saber ou então dar uma resposta evasiva.
Independente disso, compreender a forma como nos percebemos se faz importante porque é
a partir da visão que temos de nós que nos relacionamos com as pessoas e com o mundo.
Nesse sentido, é importante lembrarmos que todos temos aspectos dos quais nos orgulhamos
e outros dos quais não gostamos. Porém, nem sempre a maneira como nos percebemos acaba
sendo justa, porque não raramente tendemos a olhar apenas uma parte e a partir dela
generalizar o todo.
Como ilustração utilizo o seguinte exemplo: suponha que você está procurando um
apartamento para morar e encontra um cujo valor é adequado, o lugar é agradável, o tamanho
apropriado, mas há um quarto que não te agrada, pelo contrário, te incomoda bastante sendo
um ambiente que te desmotiva muito em adquirir o imóvel.
Se focarmos apenas neste quarto e ignorarmos o resto, é muito provável que o tal
apartamento não será nosso próximo lar. Isso ocorre porque aquilo que nos incomoda toma
tal proporção que todo o resto que pode ser bom acaba ficando de fundo, não sendo
valorizado e, por isso, ignorado.
Qual seria a saída então? Aceitar e se conformar com o quarto que não nos agrada e
simplesmente ignorá-lo? Não necessariamente, mas uma possibilidade seria enxergar o
apartamento em sua totalidade, ou seja, entender que há aspectos tanto positivos como
negativos, compreendendo que apesar de existir algo nele que não gostamos, isso não
significa que ele se resuma somente a isso.
Conosco ocorre o mesmo, uma vez que é comum não gostarmos de alguma característica que
possuímos. Isso pode ser alguma condição física, nossa história, algum diagnóstico, um projeto
que não deu certo, enfim, muitas possibilidades. Porém, se forcarmos apenas nesta parte
acabaremos nos depreciando, pois vamos nos perceber a partir de algo que não gostamos e
generalizar como se limitássemos a ele.
É importante, portanto, buscarmos ter uma visão integral de nós mesmos. Não significa
ignorar ou nos conformarmos com tal característica, mas entender que somos além dela,
aceitando e encontrando formas de lidar com aquilo que nos incomoda ao ponto de
entendermos que tal característica é apenas uma dentre as várias que possuímos.