As consequências da violência na saúde mental
Adriano* acorda de sobressalto no meio da noite mais uma vez. Seu coração bate forte e rápido em seu peito, sua respiração está acelerada, suas mãos tremendo, seu corpo todo suado.
Ele teve novamente o mesmo pesadelo e sempre que isso acontece, ele prefere se levantar e não voltar mais a dormir, com medo de voltar a ter pesadelos.
Há 3 meses, Adriano sofreu um assalto quando estava em uma casa lotérica para pagar as contas. Ficou refém de um dos bandidos durante alguns minutos, com a arma apontada para sua cabeça. Na ocasião tinha certeza que iria morrer durante esse assalto. Felizmente, saiu vivo, porém sua vida começou a se transformar logo em seguida.
Passou a ter medo de sair de casa, pois sentia-se constantemente inseguro, com a impressão de que algo ruim pudesse acontecer. Acabou pedindo demissão de seu emprego para não ter que sair de casa, pois temia voltar a sofrer um assalto, principalmente pelo fato de a casa lotérica ficar ao lado de onde trabalhava.
Passava o dia inteiro tenso e assustava-se com facilidade, mesmo diante de pequenos barulhos sobressaltava-se. Mas o que mais lhe incomodava eram as noites. Muitas vezes se esforçava para não dormir, pois começou a ter pesadelos frequentes que lhe lembravam o momento do assalto.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático
Adriano sofre de uma condição psiquiátrica denominada Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Trata-se de um quadro que se desenvolve após o indivíduo sofrer uma experiência traumática que pode ser, por exemplo, alguma forma de violência (física, psicológica, sexual), acidente ou catástrofe. A pessoa tende a vivenciar essa experiência traumática como uma ameaça muito intensa à sua vida ou sua integridade.
Os sintomas desse transtorno se inserem em 4 grupos:
Revivescência: sintomas intrusivos relacionados à lembrança do evento traumático, tais como, pesadelos, recordações aflitivas ou flashbacks (se sentir como se estivesse novamente no evento);
Esquiva: evitar estímulos que lembrem o evento (como pessoas, locais, objetos);
Aumento na reatividade: hipervigilância, irritabilidade, resposta de sobressalto exagerada, insônia, dificuldade de concentração;
Alterações negativas no humor e nos pensamentos, tais como crenças negativas sobre si mesmo (pensamentos como “eu sou ruim”), atribuição de culpa a si mesmo, dificuldade em experimentar emoções positivas, distanciamento ou afastamento dos outros.
O tratamento deve ser realizado com profissionais especializados. Não deixe de procurar por ajuda!
*personagem fictício