De que modo a circuitaria neuronal promove a sensação única de estar vivo e consciente?
Todo o cérebro é um enigma, mas se fosse preciso escolher uma questão cerne, seria o mistério da consciência.
Pesquisadores dedicados à esta temática têm verificado que nossas peculiaridades, tais como a linguagem, a matemática, a moralidade e o senso de justiça, as artes e as ciências, estão enraizadas nas profundezas abissais da evolução animal, um processo que começou há 600 milhões de anos com o surgimento das esponjas e águas-vivas.
Os cnidários, como são conhecidos, apresentam um gene chamado PAX6, responsável por uma série de características fenotípicas entre estes seres marinhos, que progressivamente foram também transmitidas para nós humanos, sendo responsável por exemplo pelo desenho dos nossos olhos, bem como suas leves mutações, entre elas algumas doenças oftálmicas como a aniridia (ausência de iris).
E isso é apenas o começo da longa história da nossa conexão com as origens da vida animal. A partir do lobo óptico dos animais primitivos, que é precisamente o domínio de ação do gene PAX6, vem o mesencéfalo, essencial para a visão, a audição, a regulação da temperatura corporal, o controle dos movimentos e do ciclo de sono e vigília.
Do córtex e seus associados, frutos evolutivos do ancestral do nosso cérebro olfativo, ou mesencéfalo, emanam todas as assombrosas aptidões da mente humana, tudo o que nos torna tão diferentes e únicos.
Essa camada mais externa e do cérebro é então o substrato orgânico de nossas sensações do mundo exterior, responsável por organizar e comandar nossas ordens voluntárias para mexer a boca ou os braços.
A partir daí é nas as áreas de associação onde os sentidos, nossas lembranças e pensamentos são integrados para produzir uma cena consciente única, o tecido do qual nossa experiência é feita. O sabor de um prato preferido, as notas de uma canção, o aroma capaz de levar de volta à um local ou a uma época vivida. A consciência, enraizada em suas bases corticais, é capaz de produzir tudo aquilo que se experimenta, inclusive o discernimento do caráter transitório, da fulgacidade das sensações.
Outra descoberta recente é que as áreas envolvidas na consciência não são as que recebem os sinais diretos dos olhos e dos demais orgãos dos sentidos. Ou seja, o que acontece nessas áreas primárias não é aquilo que o sujeito enxerga. A consciência está em áreas que recebem, elaboram e interconectam essa informação sensorial primária, tanto na visão como nos outros sentidos.
Por fim, neste muito breve passeio pela herança genética que os seres marinhos legaram à espécie humana, pode-se concluir que a localização da consciência na parte posterior do córtex cerebral tem uma clara implicação.
A marca distintiva da evolução humana é o crescimento explosivo do córtex frontal. O córtex posterior nós herdamos dos nossos ancestrais mamíferos e além, podem inclusive ser conscientes.
De um pensamento inicialmente cartesiano, que dividia o corpo da mente, estamos hoje em contato com dados que nos ajudam a pensar a interconexão que enriquece nosso pensar sobre nós mesmos. Afinal, o ser humano é o único capaz de ser consciente de seu próprio pensamento, o único capaz de saber que pensa, de refletir.
Fonte:
Artigo de Javier Sampedro
Pesquisador do Departamento de Biologia Funcional da Universidade de Santiago de Compostela, Jornal ELPAÍS.
Minha curiosidade pelos processos da mente humana, suas estruturas, as viscissitudes e singularidades que fazem cada um de nós ser tão único, o gosto pelos estudos.
De que modo a circuitaria neuronal promove a sensação única de estar vivo e consciente? Todo o cérebro é um enigma, mas se fosse preciso escolher uma questão cerne, seria o mistério da consciência. Pesquisadores dedicados à esta temática têm verificado que nossas peculiaridades, tais como a linguagem, a matemática, a moralidade e o senso de justiça, as artes e as ciências, estão enraizadas nas profundezas abissais da evolução animal, um processo que começou há 600 milhões de anos com o surgimento das esponjas e águas-vivas. Os cnidários, como são conhecidos, apresentam um gene chamado PAX6, responsável por uma série de características fenotípicas entre estes seres marinhos, que progressivamente foram também transmitidas para nós humanos, sendo responsável por exemplo pelo desenho dos nossos olhos, bem como suas leves mutações, entre elas algumas doenças oftálmicas como a aniridia (ausência de iris). E isso é apenas o começo da longa história da nossa conexão com as origens da vida animal. A partir do lobo óptico dos animais primitivos, que é precisamente o domínio de ação do gene PAX6, vem o mesencéfalo, essencial para a visão, a audição, a regulação da temperatura corporal, o controle dos movimentos e do ciclo de sono e vigília. Do córtex e seus associados, frutos evolutivos do ancestral do nosso cérebro olfativo, ou mesencéfalo, emanam todas as assombrosas aptidões da mente humana, tudo o que nos torna tão diferentes e únicos. Essa camada mais externa e do cérebro é então o substrato orgânico de nossas sensações do mundo exterior, responsável por organizar e comandar nossas ordens voluntárias para mexer a boca ou os braços. A partir daí é nas as áreas de associação onde os sentidos, nossas lembranças e pensamentos são integrados para produzir uma cena consciente única, o tecido do qual nossa experiência é feita. O sabor de um prato preferido, as notas de uma canção, o aroma capaz de levar de volta à um local ou a uma época vivida. A consciência, enraizada em suas bases corticais, é capaz de produzir tudo aquilo que se experimenta, inclusive o discernimento do caráter transitório, da fulgacidade das sensações. Outra descoberta recente é que as áreas envolvidas na consciência não são as que recebem os sinais diretos dos olhos e dos demais orgãos dos sentidos. Ou seja, o que acontece nessas áreas primárias não é aquilo que o sujeito enxerga. A consciência está em áreas que recebem, elaboram e interconectam essa informação sensorial primária, tanto na visão como nos outros sentidos. Por fim, neste muito breve passeio pela herança genética que os seres marinhos legaram à espécie humana, pode-se concluir que a localização da consciência na parte posterior do córtex cerebral tem uma clara implicação. A marca distintiva da evolução humana é o crescimento explosivo do córtex frontal. O córtex posterior nós herdamos dos nossos ancestrais mamíferos e além, podem inclusive ser conscientes. De um pensamento inicialmente cartesiano, que dividia o corpo da mente, estamos hoje em contato com dados que nos ajudam a pensar a interconexão que enriquece nosso pensar sobre nós mesmos. Afinal, o ser humano é o único capaz de ser consciente de seu próprio pensamento, o único capaz de saber que pensa, de refletir. Fonte: Artigo de Javier Sampedro Pesquisador do Departamento de Biologia Funcional da Universidade de Santiago de Compostela, Jornal ELPAÍS.
De que modo a circuitaria neuronal promove a sensação única de estar vivo e consciente? Todo o cérebro é um enigma, mas se fosse preciso escolher uma questão cerne, seria o mistério da consciência. Pesquisadores dedicados à esta temática têm verificado que nossas peculiaridades, tais como a linguagem, a matemática, a moralidade e o senso de justiça, as artes e as ciências, estão enraizadas nas profundezas abissais da evolução animal, um processo que começou há 600 milhões de anos com o surgimento das esponjas e águas-vivas. Os cnidários, como são conhecidos, apresentam um gene chamado PAX6, responsável por uma série de características fenotípicas entre estes seres marinhos, que progressivamente foram também transmitidas para nós humanos, sendo responsável por exemplo pelo desenho dos nossos olhos, bem como suas leves mutações, entre elas algumas doenças oftálmicas como a aniridia (ausência de iris). E isso é apenas o começo da longa história da nossa conexão com as origens da vida animal. A partir do lobo óptico dos animais primitivos, que é precisamente o domínio de ação do gene PAX6, vem o mesencéfalo, essencial para a visão, a audição, a regulação da temperatura corporal, o controle dos movimentos e do ciclo de sono e vigília. Do córtex e seus associados, frutos evolutivos do ancestral do nosso cérebro olfativo, ou mesencéfalo, emanam todas as assombrosas aptidões da mente humana, tudo o que nos torna tão diferentes e únicos. Essa camada mais externa e do cérebro é então o substrato orgânico de nossas sensações do mundo exterior, responsável por organizar e comandar nossas ordens voluntárias para mexer a boca ou os braços. A partir daí é nas as áreas de associação onde os sentidos, nossas lembranças e pensamentos são integrados para produzir uma cena consciente única, o tecido do qual nossa experiência é feita. O sabor de um prato preferido, as notas de uma canção, o aroma capaz de levar de volta à um local ou a uma época vivida. A consciência, enraizada em suas bases corticais, é capaz de produzir tudo aquilo que se experimenta, inclusive o discernimento do caráter transitório, da fulgacidade das sensações. Outra descoberta recente é que as áreas envolvidas na consciência não são as que recebem os sinais diretos dos olhos e dos demais orgãos dos sentidos. Ou seja, o que acontece nessas áreas primárias não é aquilo que o sujeito enxerga. A consciência está em áreas que recebem, elaboram e interconectam essa informação sensorial primária, tanto na visão como nos outros sentidos. Por fim, neste muito breve passeio pela herança genética que os seres marinhos legaram à espécie humana, pode-se concluir que a localização da consciência na parte posterior do córtex cerebral tem uma clara implicação. A marca distintiva da evolução humana é o crescimento explosivo do córtex frontal. O córtex posterior nós herdamos dos nossos ancestrais mamíferos e além, podem inclusive ser conscientes. De um pensamento inicialmente cartesiano, que dividia o corpo da mente, estamos hoje em contato com dados que nos ajudam a pensar a interconexão que enriquece nosso pensar sobre nós mesmos. Afinal, o ser humano é o único capaz de ser consciente de seu próprio pensamento, o único capaz de saber que pensa, de refletir. Fonte: Artigo de Javier Sampedro Pesquisador do Departamento de Biologia Funcional da Universidade de Santiago de Compostela, Jornal ELPAÍS.
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