Abril: Mês da conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista. Dúvidas Frequentes quanto ao diagnóstico.
Dia 02 de Abril é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no intuito de levar informação a população para reduzir a discriminação contra indivíduos portadores do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Os indivíduos com TEA apesar dos desafios com as habilidades sociais possuem grandes potenciais e devem conquistar seu lugar na sociedade. E acreditando nisso, trago informações que podem contribuir para a melhor compreensão desse quadro por meio de respostas a perguntas frequentemente questionadas aos profissionais.
1) É verdade que no século 21 vem se aumentando o número de diagnósticos de TEA?
Até 1980 o autismo era considerado um distúrbio adquirido por influência do ambiente, até houve uma falácia de que vacinas ou o estilo de criação dos pais pudesse causar autismo. O TEA é uma condição do que a criança nasce com ela e não tem uma única causa definida. Sabe-se que a influência dos fatores genéticos e alterações cromossômicas tem a maior contribuição na gênese do transtorno, os demais fatores de influência são relacionados a pré-concepção da gestação. A idade avançada dos pais, uso de álcool, tabaco drogas ilícitas e alguns tipos de medicamentos, infecções da mãe durante a gravidez, exposição materna a toxinas entre outros. Tais fatores podem causar uma mudança no circuito neuronal durante a formação do feto.
Hoje observamos uma maior preocupação e olhar para crianças e adultos que apresentam alguma dificuldade de socialização e uma maior busca para compreensão do funcionamento atípico. Quando o TEA não era muito compreendido alguns pacientes eram diagnosticados com deficiência intelectual, ou só negligenciados e tidos como diferentes. Hoje devido a disseminação das informações há uma maior procura, os avaliadores estão mais capacitados e fazendo diagnósticos mais acurados.
2) Como suspeitar que uma criança tem TEA?
Uma criança quando nasce, não nasce pronta.. sabendo como falar, andar ou se relacionar e por meio das relações pessoais e claro a maturação cerebral ela vai adquirindo habilidades. Os sintomas que chamam atenção para uma possível alteração podem ser percebidos desde os primeiros meses de vida. A criança pode não fazer contato visual, não sorrir quando estimulada, ser uma criança muito rígida ou flácida quando pegada no colo, com agitação ou dificuldade para dormir. Enquanto vai se desenvolvendo não demonstra muito interesse pelo contato com os pais ou colegas, não responde quando chamado, não interage muito, ou não desenvolve a fala ou tem atraso no engatinharm andar ou desfraldar. Pode usar o corpo dos pais como forma de sinalizar o que deseja. Começam a apresentar comportamentos estereotipados, que chamamos de comportamentos motores ou vocais sem muita explicação, como movimentos que não fazem muito sentido ao olhos de quem observa, como balancar do corpo ou balancar as mãos, mas que sabemos que é para se autoregular frente aos estímulos do ambiente ou até emocionais. Podem apresentar ecolalia que é a repetição de frases sem contexto ou de palavras após escutarem algo que lhe chama atenção. Alterações sensoriais sejam de qualquer sentido do nosso corpo como tato, visão, audição.. causando uma hipersensibilidade ou intolerância. Ter seletividade alimentar evitando alimentos por cor, cheiro, textura, preparo ou preferencia por alimentos típicos de uma marca em especifico. Além das desresgulações emocionais que vem como um comportamento agitado, inquietação e por vezes agressivo frente aos estímulos que tanto lhe incomodam.
Mas é preciso pontuar que algumas dessas características são também apresentadas num desenvolvimento de uma criança típica, mas eles tem caráter transitório e não incapacitam o funcionamento da criança.
3) Existe algum exame que diagnostica o TEA?
O diagnóstico é clínico por meio da avaliação do paciente por um entrevistador capacitado sendo ele um psiquiatra, pediatra ou neurologista. A alteração genética pode ser constatada por meio de um exame genético, porém não é o principal meio de diagnóstico. Outros exames podem ser solicitados para exclusão de outras possíveis causas para alguns comportamentos como deficiência intelectual, atraso exclusivo da linguagem ou da motricidade e surdez. Aplicação de testes neuropsicológicos podem auxiliar na compreensão das dificuldades ou nortear o avaliador em caso de dúvida diagnóstica.
4) Quais são os tratamentos possíveis para o TEA?
Os tratamentos são pautados nas necessidades individuais do paciente. O TEA hoje é classificado pelos níveis da necessidade de suporte do paciente ( nível 1, 2 ,3). Prioritariamente objetivamos terapias que irão auxilia-lo nas dificuldades de adaptação e desenvolvimento das habilidades. Utilizamos da terapia ocupacional, fonoaudiologia, e terapias de base comportamental como a ABA e a Denver que são as que temos maior nível de evidencia cientifica em eficácia. Quando temos comportamentos que geram maior preocupação como agitação, agressividade, desregulações emocionais usamos de medicamentos. Cada caso é único e deve ser avaliado com cuidado para melhor indicação de terapias.
Com a disseminação da informação e o diagnóstico precoce podemos melhorar a qualidade de vida do paciente e promover a inclusão social dos mesmos. Em caso de suspeita, não hesite em procurar um profissional capacitado para avaliação.