Abandono em psicoterapia
Apesar das diferentes definições e compreensões, entende-se por abandono de psicoterapia o paciente que, após algumas sessões, a interrompe sem o consentimento prévio do analista, independente das razões que o motivaram para tal.
O abandono é um tema bastante discutido na literatura nacional e internacional, pois vem apresentando taxas cada vez mais altas, suscitando preocupação em profissionais da área, visto que a eficácia do processo terapêutico está intimamente ligado à persistência e constância do paciente.
Estudos constatam maiores taxas de abandono em serviços comunitários de saúde mental, comparado à clínica privada, sendo que muitos dos pacientes solicita o retorno ao atendimento por agravamento do quadro.
O abandono traz implicações importantes para a trajetória de saúde do paciente e com alto custo econômico e social. O paciente perde as esperanças de melhora, gerando desgaste emocional e financeiro, além de provocar frustração no analista e no serviço em que presta atendimento.
As causas para o abandono são as mais variadas, incluindo desde fatores sociodemográficos a pessoais e clínicos, assim como características dos serviços assistenciais.
Quanto a fatores sociodemográficos, incluem baixo poder aquisitivo e nível educacional, além de distância do local de atendimento. Do ponto de vista pessoal e clínico, estão envolvidas questões do próprio diagnóstico psicopatológico e comprometimento psíquico, bem como experiências pregressas de rompimento de vínculos significativos.
Casos com uma história clínica de abandonos ou até mesmo de sensações de abandonos tendem a repetir uma vinculação ansiosa ou evitante na relação com o terapeuta, dificultando a formação da aliança terapêutica e apresentando maior risco de abandono da terapia (GUNTERT et al., 2000; PINHEIRO, 2002). Em um contexto de relacionamentos interpessoais falhos, o mundo interno das relações objetais é projetado nas relações atuais do paciente.
Uma outra hipótese é que, diante de sinais de melhora, o paciente considera que os objetivos foram alcançados, interrompendo a psicoterapia.
Estes dados são importantes para repensar o tratamento psicoterápico, podendo investir em ações para a prevenção do abandono, aproximando-se das demandas em saúde mental.
Também, é importante desenvolver estudos e pesquisas nas instituições de ensino, que contribuam para a formação do aluno de Psicologia e que ofereçam um preparo integral para atendimentos direcionados às necessidades do ser humano em cada contexto.
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Anete Mancini
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