A saúde mental e o uso de telas
Muito se tem discutido a respeito do uso de telas no desenvolvimento de crianças e adolescentes, especialmente no que diz respeito a smartphones, tablets ou semelhantes. É evidente que existem prejuízos no uso excessivo desses aparelhos, como por exemplo: estímulo ao consumismo, disseminação de informações falsas, acesso a conteúdos inadequados, entre outros.
Porém, talvez um dos maiores prejuízos observáveis esteja relacionado ao excesso de informações transmitidas pelo uso das tecnologias. A hiperestimulação mental causada por esse excesso de informações e a pela velocidade em que elas são transmitidas podem colaborar para o desenvolvimento de transtornos mentais como por exemplo ansiedade. Assim como excesso de informação a respeito dos nossos pares, disseminados através das redes sociais, podem influenciar no desenvolvimento de transtornos de humor, como a depressão. Por isso, a saúde mental bem estruturada é necessária para a utilização saudável das telas.
Esse excesso de informações em conjunto com as facilidades que a tecnologia nos proporciona impedem crianças e adolescentes (ou muitas vezes adultos) de desprender esforço mental para pensar criticamente, desenvolver um raciocínio lógico ou resolver problemas, tornando o cérebro “acomodado”. Essa facilidade vivida no mundo virtual muitas vezes é generalizada para o mundo real, causando, especialmente em adolescentes, a sensação de que tarefas cotidianas como fazer lição, esperar uma consulta ou levar algo para alguém são extremamente custosas e difíceis de serem realizadas, gerando um sofrimento psíquico no indivíduo. Além disso, por ser fácil e prazeroso, acabam dando prioridade ao uso do celular deixando de lado suas obrigações escolares e muitas vezes familiares ou sociais.
Entretanto existem inúmeros ganhos no uso dessas tecnologias, como acesso a informações corretas através de pesquisas ou aulas, contribuição para o aprendizado, ampliação de vocabulário e comunicação com pessoas distantes (sociabilidade). São por esses motivos que as telas dos celulares são vantajosas e devem ser usadas, porém é necessário colocar limites. Crianças menores de 2 anos de idade não devem ser expostas a telas, mas caso seja inevitável recomenda-se em no máximo de 20 a 30 minutos, pois trata-se de uma idade de rápido desenvolvimento das as funções corporais e cognitivas, incluindo a fala, que pode ser prejudicada pelo uso excessivo da tela. Dos 2 aos 6 anos o tempo não deve ultrapassar 1 hora, dos 6 aos 10 não deve ultrapassar 2 horas e a partir da adolescência (incluindo adultos) não deve-se ultrapassar de 3 horas. A importância em respeitar o limite de tempo do uso do celular está intrinsecamente ligado à manutenção da saúde mental e cognitiva.