Transtorno depressivo maior: a importância do diagnóstico
O transtorno depressivo maior pode chegar a acometer 1 em cada 5 pessoas ao longo da vida. Por ano, chega a acometer 7% da população. Apesar do avanço de pesquisas ainda não existe exame laboratorial ou de imagem que seja diagnóstico do quadro.
Entre os sintomas, estão: o humor deprimido persistente, perda do interesse ou prazer nas atividades, alterações de sono e apetite, diminuição da energia e disposição, sentimento de desvalia ou culpa, pensamento de morte, lentificação do pensamento e atividade motora, dificuldade de concentração e indecisão.
Muitos indivíduos buscam tratamento motivados inicialmente por sintomas como insônia, fadiga ou diminuição da energia, mudança do peso ou quadros dolorosos. Outras vezes o motivador são outras síndromes comorbidades como transtornos do pânico, transtornos de ansiedade e transtornos por abuso de substâncias.
Há casos de condições clínicas como acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio, câncer e doenças metabólicas como doença renal e diabetes nas quais a avaliação de sintomas depressivos pode se tornar mais difícil.
A manifestação da depressão é heterogênea, havendo casos em que os sintomas podem ser leves, sem que a própria pessoa ou pessoas ao redor percebam todos os prejuízos, e outros em que os sintomas são graves e visíveis, porém o sujeito perde a percepção e capacidade de atuação sobre si próprio.
Fatores de risco
Certas características estão associadas a maior ocorrência de episódios depressivos, como:
- Temperamento de afetividade negativa;
- Experiências adversas na infância (por exemplo abuso físico, sexual e privação de afeto);
- Genéticos: parentes de primeiro grau de indivíduos depressivos têm chance maior de desenvolver quadro;
- Comorbidades: doenças crônicas, transtornos ansiosos, uso de substâncias, transtornos de personalidade – em especial o ‘borderline’ ou emocionalmente instável.
Deve-se ressaltar que os sintomas depressivos podem mascarar os sintomas dessa outras condições psiquiátricos, retardando seu diagnóstico e tratamento. No entanto, a melhora duradoura do quadro depressivo pode acontecer somente após o tratamento de tais condições.
Consequências do tratamento inadequado
Como resultado de tratamentos inadequados, há o aumento da chance de baixa produtividade, afastamento do trabalho e até incapacidade total para auto-cuidado. Outros aspectos são:
- Aumento do risco de intensificação do quadro, ocorrência de sintomas psicóticos e catatoniformes;
- Aumento do risco de outras comorbidades como transtornos de personalidade, ansiedade e abuso de substâncias;
- Aumento da probabilidade de sintomas residuais persistentes, mesmo após instituição de tratamento, e, por conseguinte, o risco de recorrência futura do transtorno depressivo torna-se maior;
- Aumento do risco de tentativas de suicídio e suicídio consumado.
Portanto, a identificação precoce e instituição de tratamento adequado a indivíduos reduz a morbidade, o risco de cronificação e também a possibilidade de comorbidades clínicas e psiquiátricas.
Casos mais graves, no limite, necessitam de internação hospitalar e eletroconvulsoterapia associada a tratamento farmacológico. Porém boa parte dos indivíduos identificados a tempo recebe tratamento ambulatorial, uso de psicofármacos, psicoterapia (individual ou de grupo) e deve-se estimular hábitos de vida saudáveis, atividade física, educação alimentar e inserção social e profissional.
Referências:
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª edição. – DSM-5. American Psychiatric Association. Ed Artmed 2014. Transtornos Depressivos pp. 155-188.