Vivenciar o luto é um processo que faz parte da vida. Por mais que pareça contraditória esta frase, viver traz consigo essa tarefa que envolve sofrimento, perdas e questionamentos.
Não são todos, porém, que conseguem passar por este momento, de modo que este processo se torna algo extremamente difícil e sofrido.
Contudo, há também aqueles que vivenciam este momento, sofrem, mas conseguem seguir em frente.
O luto normal envolve uma série de sentimentos e comportamentos característicos de uma perda. O fato da palavra “normal” fazer parte da expressão não significa que não haverá tristeza e sofrimento.
Erich Lindemann foi um dos estudiosos que se dedicou ao tema do luto. Em 1944, ele trabalhou com famílias que perderam entes queridos em uma tragédia ocorrida numa boate nos Estados Unidos que resultou na morte de cerca de 500 pessoas.
Em seus estudos ele identificou padrões semelhantes e descreveu como características do luto normal (ou agudo) os seguintes aspectos:
– Algum tipo de perturbação somática ou corporal.
– Preocupação com a imagem da pessoa falecida.
– Culpa relacionada com o morto ou as circunstâncias da morte.
– Reações hostis.
– Inabilidade para desempenhar funções da mesma forma que anteriormente à perda.
– Desenvolver traços da pessoa falecida em seus próprios comportamentos.
Embora a pesquisa deste autor tenha sido criticada por algumas limitações, ainda assim, é um estudo relevante para o tema.
William Worden, outro psicólogo que se dedica ao estudo sobre o luto, coloca em quatro categorias gerais os comportamentos de luto normal devido a sua grande variedade: sentimentos, sensações físicas, cognições e comportamentos.
Aqui vamos nos deter aos sentimentos que aparecem neste momento devido a grande quantidade de informações.
Como já dito são vários os sentimentos presentes no luto normal, mas alguns se destacam:
– Tristeza: sentimento mais comum presente no enlutado. Nem sempre se manifesta pelo choro, mas é comum acontecer. Algumas pessoas temem a intensidade da tristeza e a evitam. Outras tentam bloqueá-la com atividades excessivas, ainda que seja em vão. Não se permitir vivenciar a tristeza pode trazer complicações do ponto de vista emocional.
– Raiva: bastante comum e também causador de confusão para os sobreviventes. Pode ter origem no senso de frustração de que nada poderia ter sido feito para prevenir a morte. Diante da perda de alguém existe a tendência a se sentir desamparado e incapaz de existir sem a pessoa, permitindo assim, que essa raiva apareça. A raiva que o enlutado sente precisa ser identificada e apropriadamente dirigida à pessoa que morreu, de forma a realizar uma adaptação saudável. Todavia, com frequência, a pessoa pode lidar com isso de maneiras menos eficazes, uma das quais é o deslocamento ou o direcionamento a outra pessoa, muitas vezes a responsabilizando pela morte ocorrida. A linha de raciocínio é que, se alguém pode ser culpado, então a pessoa é responsável e, por conseguinte, a perda poderia ter sido evitada. As pessoas podem culpar os médicos, o diretor da funerária, os membros da família, um amigo insensível e, muitas vezes, a Deus.
– Culpa e autocensura: ideia de que não foi uma pessoa boa para aquele que faleceu ou que deixou de fazer algo que pudesse ter evitado a morte. Muitas vezes a culpa que surge é irracional e quando trazida e questionada pela realidade ela é atenuada.
– Saudade: resposta normal à perda. Quando ela diminui pode ser um sinal de que o luto está caminhando para sua finalização. Quando isso não acontece pode indicar uma dificuldade no processo de vivência do luto.
– Ansiedade: pode aparecer em diversos graus, porém quando for intensa e persistente deve-se ficar atento a uma reação anormal do luto. Segundo o autor, ela tem duas origens: o medo do sobrevivente de não conseguir se cuidar sozinho ou a consciência da própria mortalidade que fica intensificada pela morte de um ente querido.
– Fadiga: comum nos estudos de Lindemann, em alguns casos pode dar a ideia de apatia ou indiferença. Normalmente, é autolimitada. Se não for, pode ser um sinal clínico de depressão.
– Solidão: muito frequente principalmente em situações de perda conjugal. O apoio social pode ser útil na solidão social, porém não na solidão emocional causada por um rompimento de vínculo. Segundo alguns autores, esta só pode ser remediada pela integração de novo vínculo.
– Alívio: frequente em situações em que o doente estava com uma doença prolongada e dolorosa. Também aparece quando a morte envolve alguém com quem o enlutado tinha uma relação conflituosa. Geralmente este sentimento gera certo grau de culpa, pela autocritica do enlutado se sentir aliviado frente à morte de alguém.
– Torpor: algumas pessoas apresentam ausência de emoções, isso pode acontecer devido a grande quantidade de sentimentos com os quais a pessoa lida, de forma que ficar “anestesiado” serviria como um mecanismo de defesa.
Para finalizar é valido lembrar que estes sentimentos são normais no processo de luto e que não há nada de patológico neles. Contudo, é importante observar se tais sentimentos persistem por bastante tempo ou se mostram intensos demais o que poderia então, servir de sinais que apontam para a necessidade de se buscar ajuda.
Entre em contato com os nossos profissionais clicando aqui.
Referência:
WORDEN, J. William. Apego, Perda de Experiência de luto: Luto normal. In: WORDEN, J. William. Aconselhamento do Luto e Terapia do Luto: Um Manual para Profissionais da Saúde Mental. 4. ed. São Paulo: Roca, 2013. cap. 1, p. 1-14.
Meu interesse em Psicologia nasce da minha curiosidade em compreender o comportamento humano e na habilidade e potencialidade que esta profissão oferece de uma escuta diferenciada.
Vivenciar o luto é um processo que faz parte da vida. Por mais que pareça contraditória esta frase, viver traz consigo essa tarefa que envolve sofrimento, perdas e questionamentos. Não são todos, porém, que conseguem passar por este momento, de modo que este processo se torna algo extremamente difícil e sofrido. Contudo, há também aqueles que vivenciam este momento, sofrem, mas conseguem seguir em frente. O luto normal envolve uma série de sentimentos e comportamentos característicos de uma perda. O fato da palavra “normal” fazer parte da expressão não significa que não haverá tristeza e sofrimento. Erich Lindemann foi um dos estudiosos que se dedicou ao tema do luto. Em 1944, ele trabalhou com famílias que perderam entes queridos em uma tragédia ocorrida numa boate nos Estados Unidos que resultou na morte de cerca de 500 pessoas. Em seus estudos ele identificou padrões semelhantes e descreveu como características do luto normal (ou agudo) os seguintes aspectos: – Algum tipo de perturbação somática ou corporal. – Preocupação com a imagem da pessoa falecida. – Culpa relacionada com o morto ou as circunstâncias da morte. – Reações hostis. – Inabilidade para desempenhar funções da mesma forma que anteriormente à perda. – Desenvolver traços da pessoa falecida em seus próprios comportamentos. Embora a pesquisa deste autor tenha sido criticada por algumas limitações, ainda assim, é um estudo relevante para o tema. William Worden, outro psicólogo que se dedica ao estudo sobre o luto, coloca em quatro categorias gerais os comportamentos de luto normal devido a sua grande variedade: sentimentos, sensações físicas, cognições e comportamentos. Aqui vamos nos deter aos sentimentos que aparecem neste momento devido a grande quantidade de informações. Como já dito são vários os sentimentos presentes no luto normal, mas alguns se destacam: – Tristeza: sentimento mais comum presente no enlutado. Nem sempre se manifesta pelo choro, mas é comum acontecer. Algumas pessoas temem a intensidade da tristeza e a evitam. Outras tentam bloqueá-la com atividades excessivas, ainda que seja em vão. Não se permitir vivenciar a tristeza pode trazer complicações do ponto de vista emocional. – Raiva: bastante comum e também causador de confusão para os sobreviventes. Pode ter origem no senso de frustração de que nada poderia ter sido feito para prevenir a morte. Diante da perda de alguém existe a tendência a se sentir desamparado e incapaz de existir sem a pessoa, permitindo assim, que essa raiva apareça. A raiva que o enlutado sente precisa ser identificada e apropriadamente dirigida à pessoa que morreu, de forma a realizar uma adaptação saudável. Todavia, com frequência, a pessoa pode lidar com isso de maneiras menos eficazes, uma das quais é o deslocamento ou o direcionamento a outra pessoa, muitas vezes a responsabilizando pela morte ocorrida. A linha de raciocínio é que, se alguém pode ser culpado, então a pessoa é responsável e, por conseguinte, a perda poderia ter sido evitada. As pessoas podem culpar os médicos, o diretor da funerária, os membros da família, um amigo insensível e, muitas vezes, a Deus. – Culpa e autocensura: ideia de que não foi uma pessoa boa para aquele que faleceu ou que deixou de fazer algo que pudesse ter evitado a morte. Muitas vezes a culpa que surge é irracional e quando trazida e questionada pela realidade ela é atenuada. – Saudade: resposta normal à perda. Quando ela diminui pode ser um sinal de que o luto está caminhando para sua finalização. Quando isso não acontece pode indicar uma dificuldade no processo de vivência do luto. – Ansiedade: pode aparecer em diversos graus, porém quando for intensa e persistente deve-se ficar atento a uma reação anormal do luto. Segundo o autor, ela tem duas origens: o medo do sobrevivente de não conseguir se cuidar sozinho ou a consciência da própria mortalidade que fica intensificada pela morte de um ente querido. – Fadiga: comum nos estudos de Lindemann, em alguns casos pode dar a ideia de apatia ou indiferença. Normalmente, é autolimitada. Se não for, pode ser um sinal clínico de depressão. – Solidão: muito frequente principalmente em situações de perda conjugal. O apoio social pode ser útil na solidão social, porém não na solidão emocional causada por um rompimento de vínculo. Segundo alguns autores, esta só pode ser remediada pela integração de novo vínculo. – Alívio: frequente em situações em que o doente estava com uma doença prolongada e dolorosa. Também aparece quando a morte envolve alguém com quem o enlutado tinha uma relação conflituosa. Geralmente este sentimento gera certo grau de culpa, pela autocritica do enlutado se sentir aliviado frente à morte de alguém. – Torpor: algumas pessoas apresentam ausência de emoções, isso pode acontecer devido a grande quantidade de sentimentos com os quais a pessoa lida, de forma que ficar “anestesiado” serviria como um mecanismo de defesa. Para finalizar é valido lembrar que estes sentimentos são normais no processo de luto e que não há nada de patológico neles. Contudo, é importante observar se tais sentimentos persistem por bastante tempo ou se mostram intensos demais o que poderia então, servir de sinais que apontam para a necessidade de se buscar ajuda. Se precisa de ajuda ou está com dúvidas, não deixe de se consultar com profissionais que podem te ajudar. Entre em contato com os nossos profissionais clicando aqui. Referência: WORDEN, J. William. Apego, Perda de Experiência de luto: Luto normal. In: WORDEN, J. William. Aconselhamento do Luto e Terapia do Luto: Um Manual para Profissionais da Saúde Mental. 4. ed. São Paulo: Roca, 2013. cap. 1, p. 1-14.
Vivenciar o luto é um processo que faz parte da vida. Por mais que pareça contraditória esta frase, viver traz consigo essa tarefa que envolve sofrimento, perdas e questionamentos. Não são todos, porém, que conseguem passar por este momento, de modo que este processo se torna algo extremamente difícil e sofrido. Contudo, há também aqueles que vivenciam este momento, sofrem, mas conseguem seguir em frente. O luto normal envolve uma série de sentimentos e comportamentos característicos de uma perda. O fato da palavra “normal” fazer parte da expressão não significa que não haverá tristeza e sofrimento. Erich Lindemann foi um dos estudiosos que se dedicou ao tema do luto. Em 1944, ele trabalhou com famílias que perderam entes queridos em uma tragédia ocorrida numa boate nos Estados Unidos que resultou na morte de cerca de 500 pessoas. Em seus estudos ele identificou padrões semelhantes e descreveu como características do luto normal (ou agudo) os seguintes aspectos: – Algum tipo de perturbação somática ou corporal. – Preocupação com a imagem da pessoa falecida. – Culpa relacionada com o morto ou as circunstâncias da morte. – Reações hostis. – Inabilidade para desempenhar funções da mesma forma que anteriormente à perda. – Desenvolver traços da pessoa falecida em seus próprios comportamentos. Embora a pesquisa deste autor tenha sido criticada por algumas limitações, ainda assim, é um estudo relevante para o tema. William Worden, outro psicólogo que se dedica ao estudo sobre o luto, coloca em quatro categorias gerais os comportamentos de luto normal devido a sua grande variedade: sentimentos, sensações físicas, cognições e comportamentos. Aqui vamos nos deter aos sentimentos que aparecem neste momento devido a grande quantidade de informações. Como já dito são vários os sentimentos presentes no luto normal, mas alguns se destacam: – Tristeza: sentimento mais comum presente no enlutado. Nem sempre se manifesta pelo choro, mas é comum acontecer. Algumas pessoas temem a intensidade da tristeza e a evitam. Outras tentam bloqueá-la com atividades excessivas, ainda que seja em vão. Não se permitir vivenciar a tristeza pode trazer complicações do ponto de vista emocional. – Raiva: bastante comum e também causador de confusão para os sobreviventes. Pode ter origem no senso de frustração de que nada poderia ter sido feito para prevenir a morte. Diante da perda de alguém existe a tendência a se sentir desamparado e incapaz de existir sem a pessoa, permitindo assim, que essa raiva apareça. A raiva que o enlutado sente precisa ser identificada e apropriadamente dirigida à pessoa que morreu, de forma a realizar uma adaptação saudável. Todavia, com frequência, a pessoa pode lidar com isso de maneiras menos eficazes, uma das quais é o deslocamento ou o direcionamento a outra pessoa, muitas vezes a responsabilizando pela morte ocorrida. A linha de raciocínio é que, se alguém pode ser culpado, então a pessoa é responsável e, por conseguinte, a perda poderia ter sido evitada. As pessoas podem culpar os médicos, o diretor da funerária, os membros da família, um amigo insensível e, muitas vezes, a Deus. – Culpa e autocensura: ideia de que não foi uma pessoa boa para aquele que faleceu ou que deixou de fazer algo que pudesse ter evitado a morte. Muitas vezes a culpa que surge é irracional e quando trazida e questionada pela realidade ela é atenuada. – Saudade: resposta normal à perda. Quando ela diminui pode ser um sinal de que o luto está caminhando para sua finalização. Quando isso não acontece pode indicar uma dificuldade no processo de vivência do luto. – Ansiedade: pode aparecer em diversos graus, porém quando for intensa e persistente deve-se ficar atento a uma reação anormal do luto. Segundo o autor, ela tem duas origens: o medo do sobrevivente de não conseguir se cuidar sozinho ou a consciência da própria mortalidade que fica intensificada pela morte de um ente querido. – Fadiga: comum nos estudos de Lindemann, em alguns casos pode dar a ideia de apatia ou indiferença. Normalmente, é autolimitada. Se não for, pode ser um sinal clínico de depressão. – Solidão: muito frequente principalmente em situações de perda conjugal. O apoio social pode ser útil na solidão social, porém não na solidão emocional causada por um rompimento de vínculo. Segundo alguns autores, esta só pode ser remediada pela integração de novo vínculo. – Alívio: frequente em situações em que o doente estava com uma doença prolongada e dolorosa. Também aparece quando a morte envolve alguém com quem o enlutado tinha uma relação conflituosa. Geralmente este sentimento gera certo grau de culpa, pela autocritica do enlutado se sentir aliviado frente à morte de alguém. – Torpor: algumas pessoas apresentam ausência de emoções, isso pode acontecer devido a grande quantidade de sentimentos com os quais a pessoa lida, de forma que ficar “anestesiado” serviria como um mecanismo de defesa. Para finalizar é valido lembrar que estes sentimentos são normais no processo de luto e que não há nada de patológico neles. Contudo, é importante observar se tais sentimentos persistem por bastante tempo ou se mostram intensos demais o que poderia então, servir de sinais que apontam para a necessidade de se buscar ajuda. Se precisa de ajuda ou está com dúvidas, não deixe de se consultar com profissionais que podem te ajudar. Entre em contato com os nossos profissionais clicando aqui. Referência: WORDEN, J. William. Apego, Perda de Experiência de luto: Luto normal. In: WORDEN, J. William. Aconselhamento do Luto e Terapia do Luto: Um Manual para Profissionais da Saúde Mental. 4. ed. São Paulo: Roca, 2013. cap. 1, p. 1-14.
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