TDAH: definição e visão comportamental
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) tem sido discutido com cada vez mais frequência em nossa sociedade. Muita desinformação por aí é transmitida, por isso é importante ressaltar algumas características importantes.
Basicamente, o TDAH possui um trio de sintomas clássicos: desatenção, hiperatividade e impulsividade.
A desatenção é definida pela dificuldade em focar atenção e por errar por desfoco em situações escolares e de vida diária; dificuldade para manter atenção em tarefas dinâmicas (conversas, brincadeiras ou leitura); esquecimentos frequentes; distração com facilidade; parecer não escutar quando dirigem a palavra; tendência não seguir instruções e não terminar tarefas escolares, domésticas ou obrigações profissionais; dificuldade em organizar tarefas e obrigações; perder coisas com frequência; relutar ou evitar tarefas que exija esforço mental.
Já com relação a impulsividade: agitar mãos e pés na cadeira; com frequência levanta do lugar na escola e trabalho; tende a subir em locais inapropriados (adultos e adolescentes podem só ter dificuldades de ficar parado); dificuldade de atividades de lazer em silêncio; parece estar “ligado na tomada” (visto como difícil de acompanhar e inquieto); falar excessivamente com frequência; dizer a resposta antes de a pergunta ser finalizada; dificuldades de esperar sua vez; com frequência interromper ou se intrometer em conversas alheias (Rohde et. al., 2000; American Psychiatric Association, 2013).
Essas características precisam estar presentes antes dos 12 anos de idade, os sintomas suficientes precisam estar presentes em pelo menos 2 contextos (escola ou trabalho e casa por exemplo). É necessária evidência clara de interferência na vida da pessoa como no desempenho escolar/profissional e relacionamentos (American Psychiatric Association, 2013).
Do ponto de vista comportamental, sabe-se que a impulsividade está presente principalmente devido a uma tendência a pessoas com TDAH serem mais sensíveis a recompensas imediatas, em detrimento de recompensas atrasadas. Por exemplo: para conquistar uma boa nota na prova, precisamos resistir à tentação de fazer coisas mais prazerosas na hora de estudar. Estudar oferece uma recompensa muito mais tarde (boa nota, elogios), enquanto jogar videogame por exemplo, oferece uma diversão imediata. Para ser capaz de resistir à tentação de jogar videogame, precisa-se estar sensível a consequência que vem mais tarde (boa nota), habilidade que é bem mais difícil em pessoas com o diagnóstico, que tenderão a agira de acordo com a recompensa mais imediata (neste caso o jogo do videogame) (Sagvolden et. al. 1998).
Bibliografia
American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders – DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.
Sagvolden T, Aase H, Zeiner P, Berger D. Altered reinforcement mechanisms in
attention-deficit/hyperactivity disorder. Behav Brain Res. Jul;94(1):61-71. 1998.
ROHDE, L A et al . Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 22, supl. 2, p. 07-11, Dec. 2000.