Por que deixamos as coisas para depois?
Nas rotinas diárias, é comum as pessoas deixarem as coisas para depois ou fazerem as tarefas sempre próximo do horário de entrega.
Vamos pensar nas obrigações acadêmicas, que são deixadas para a última hora, geram estresses e produzem resultados menos efetivos. E apesar de todas as consequências, o adiamento tende a se manter ao longo do tempo. Por que isso acontece?
Procrastinação de uma maneira geral é definido como um comportamento de adiar tarefas. Geralmente o afazer que adiamos é pouco interessante, ou realizado por ser uma “obrigação” ou algo que trará alguma consequência negativa se não for realizado, uma atividade que exige muito esforço ou que envolve muitas etapas. Muitas coisas podem estar ocorrendo no comportamento de procrastinar, uma delas é a percepção de tempo.
De acordo com Silver (1974), o tempo é fundamental no comportamento de procrastinação, uma vez que em muitos momentos a escolha de não fazer determinada tarefa advém de uma percepção alterada do tempo necessário para conclusão da tarefa. Se não somos capazes de estimar com precisão razoável o tempo para execução de alguma coisa, deixamos tempo insuficiente ou que exige a execução muito rapidamente e prejudicamos a qualidade.
Em termos comportamentais, procrastinar pode ocorrer para evitar a realização de uma tarefa pouco agradável, ou que pode proporcionar uma recompensa muito mais a longo prazo, e isto, com frequência, aumenta a probabilidade de as pessoas optarem por realizar tarefas que apresentam recompensas com prazer ou divertimento imediato, adiando a tarefa, porém a longo prazo proporcionando a experiência de culpa, sentimentos negativos e até mesmo consequências negativas objetivas, como receber uma nota baixa, ser reprovado ou receber uma crítica negativa de um projeto.
A complexidade de uma tarefa também pode aumentar a probabilidade de fuga da ação. Inicialmente é muito importante planejar e tentar prever o número de horas mínimos necessários para sua execução sem grandes prejuízos, e desta forma já reservar um número de horas congruente com a tarefa.
Quando a tarefa é pouco estimulante e muito complexa ou extensa, é interessante dividi-la em etapas menores, criando uma lista e programando alguma recompensa após a execução de cada etapa específica.
Exemplo: Imagine a leitura de um grande livro, que não é possível terminar rapidamente. Dividir a leitura em capítulos, e após cada finalização realizar alguma tarefa prazerosa, como assistir TV por um pequeno período, ou dar uma volta para depois retomar novamente a leitura, pode ajudar a manter o comportamento de leitura.
É interessante ir riscando da lista as etapas já realizadas para manter a motivação e ter-se consciência do quanto ainda falta para conclusão. Pode ajudar também ir a um ambiente com poucos estímulos, ou coisas mais prazerosas a vista para aumentar a probabilidade de mantermos o comportamento de execução da tarefa foco.
Bibliografia
Silver, M. (1974). Procrastination. Centerpoint, 1,49-54.
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Anete Mancini
As vezes faço isso. Geralmente com tarefas chatas.