As dificuldades da Superdotação
Popularmente, quando se pensa em uma pessoa superdotada costuma vir a mente um indivíduo um pouco excêntrico e genial. É bem verdade que os grandes gênios da história eram de fato superdotados, mas o contrário não é verdadeiro, nem todas as pessoas com superdotação são ou serão gênios. São pessoas comuns e podem algumas vezes sofrer com algumas implicações negativas dessa característica individual.
No âmbito cognitivo, por exemplo, os indivíduos de altas habilidades podem entediar-se com facilidade das atividades acadêmicas curriculares, por isso a superdotação também é considerada inclusão escolar, necessitando, em muitos casos, de adaptação do currículo. Além disso, devido a facilidade de aprendizagem, essas pessoas podem, em algumas situações, serem consideradas arrogantes ou “exibidas” mesmo não tendo esses traços de personalidade. Existe também o fato de a grande curiosidade e facilidade em argumentar desses indivíduos pode parecer, a olhos de terceiros, comportamentos disruptivo, especialmente quando acontece em sala de aula.
Todas essas dificuldades enfrentadas acabam gerando estresse emocional, que junto à discrepância de tempo de desenvolvimento dos aspectos emocionais, interpessoais e sociais quando comparados ao desenvolvimento intelectual, causa sofrimento psíquico. O fato de o intelecto se desenvolver antes de outros fatores do desenvolvimento humano costuma causar muitas vezes sensibilidade emocional na criança e dificuldade nos relacionamentos. Por são crianças que precisam de bastante orientação de adultos nos aspectos sócio emocionais.
Essas dificuldades emocionais que essas crianças enfrentam podem ficar ainda mais pesadas caso os pais não tomem cuidado com as expectativas e cobranças que colocam sob esse indivíduo. O mesmo vale para professores e outros adultos que se envolvem com essa criança. Por isso, os adultos que cuidam desse menor podem precisar desprender maior capacidade de empatia, compreensão e acolhimento devido a possíveis frustrações que o pequeno vivencie, uma vez que as auto expectativas costumam também ser bem altas, podendo causar mais sofrimento emocional após a não realização destas
Isto posto é sempre importante lembrar que independente da idade do indivíduo, o aspecto emocional abalado afeta, inevitavelmente, os aspectos cognitivos (e isso também vale para superdotados!), por isso levar em consideração o trato sociomocional da pessoa no ambiente acadêmico/profissional é essencial para a saúde de qualquer indivíduo.
A psicologia começou fazer sentido para mim desde a adolescência quando percebi que corpo e mente estão em constante comunicação e se influenciando mutuamente. Desde muito cedo soube o caminho profissional que seguiria: psicologia em interface com o corpo, por isso a escolha da universidade foi criteriosa.
Essa interface me suscitou cada vez mais curiosidade e após muito estudo da psicologia analítica, resolvi buscar algo mais voltado para o funcionamento neurológico, e foi quando iniciei minha formação em neuropsicologia – minha paixão profissional – pela Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de medicina da USP.
A fim de melhorar meu atendimento neuropsicológico e psicológico, especialmente a crianças e adolescentes, realizei curso de Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psiquiatria da USP, e cursos voltados ao aprofundamento da prática clínica tanto pautados na psicologia analítica como na terapia cognitivo comportamental.
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