DISFORIA DE GÊNERO
Na publicação anterior foi abordado o assunto gênero, sexo e transexualidade com intuito de embasar o presente texto, onde o temática saúde mental e pessoas LGBT se entrelaçam. A título de recordação, é importante ter em mente que sexo diz respeito ao aparelho reprodutor de nascimento e envolve questões genéticas, gênero é uma construção sócio histórica de padrões de condutas e comportamentos
muito influenciada pelo sexo, e a transexualidade diz respeito às pessoas que não se identificam com o sexo de nascimento e com o gênero comumente ligado a ele.
Então ao falarmos “homem trans” estamos falando, por exemplo, de uma pessoa que foi designada do sexo feminino ao nascimento (nasceu com vulva), porém que não se identifica como mulher e sim como homem.
Por 28 anos a transexualidade foi considerada como um transtorno psiquiátrico e a partir de janeiro de 2022 deixou, oficialmente, de ser um transtornomental e passou a ser vista como uma condição relacionada à saúde sexual, também denominada agora de incongruência de gênero. Entretanto a
transexualidade pode trazer consigo um sofrimento psíquico, e esse sofrimento em si que é considerado um transtorno mental, é a chamada Disforia de Gênero.
Disforia é proveniente do vocábulo grego dysphoros formados por dois radicais que juntos significam “dificuldade em suportar”. No contexto da saúde mental utiliza-se disforia para definir um estado de profunda perturbação mental e/ou física, com afetos de tristeza, raiva, sofrimento, angústia, culpa e irritação a ponto de deixar o indivíduo vulnerável a quadros de depressão e ansiedade. No caso da
transexualidade a disforia pode ocorrer quando o indivíduo manifesta tais afetos em relação ao próprio corpo, ou a parte dele, podendo inclusive haver mutilação.
Entretanto, existem pessoas transexuais que não apresentam a disforia e lidam muito bem com os próprios corpos.
É importante pontuar também que além da disforia de gênero, que é um sofrimento do indivíduo com ele mesmo, pode existir o sofrimento das relações sociais, especialmente quando existe preconceito por parte de outras pessoas, deixando o indivíduo suscetível a quadros psiquiátricos como depressão ou
ansiedade. Por isso, a saúde mental dessa população deve estar sempre bem monitorada, tanto pelo próprio individuo quanto pelos familiares e amigos que o cercam, e a qualquer sinal de desequilíbrio é importante procurar ajuda profissional.