Qual o momento de parar com o meu tratamento?
No Brasil atual, há um grande número de pessoas que fazem uso de medicamentos antidepressivos, que apesar do nome, trata além da depressão, ansiedade, fobias e TOC A interrupção de um tratamento com antidepressivos ou ansiolíticos de forma abrupta pode fazer mal à saúde e existem recomendações específicas para cada caso.
Quando iniciamos um tratamento medicamentoso para os pacientes levamos em consideração perfil individual, sintomas apresentados, expectativa de remissão ou melhora. Assim como em um projeto de engenharia em que há necessidade de planejamento, execução e finalização, na psiquiatria temos a fase de introdução, manutenção e retirada. Durante a execução de uma obra podemos ter contratempos que nos forçam a modificar os materiais utilizados, usar mais cimento ou argamassa e na psiquiatria é da mesma forma.
Na introdução de medicamentos é esperado que nos primeiros 15 dias haja um desconforto inicial, como náuseas, redução de apetite, boca seca, tremores. Após a fase de adaptação os efeitos adversos amenizam até que sumam completamente. A leitura da bula do medicamento assusta, e alguns pacientes acabam se sentindo desestimulados a dar seguimento com o tratamento quando se deparam com efeitos adversos. Na bula deve constar qualquer efeito adverso surgido em qualquer indivíduo durante os testes e não necessariamente vai ser um efeito comum.
O que pouca gente sabe é que em geral, é a partir do 15 dia que observamos o início dos efeitos da medicação e necessitará de 4 a 6 semanas para os efeitos plenos do medicamento. Algumas pessoas se sentem bem logo no início do tratamento e já consideram que estão boas para a suspensão do tratamento, o que não é correto. Pode ser necessário fazer alguns ajustes, subir ou descer doses e quando alcançamos a estabilidade do quadro, precisamos de pelo menos 6 meses de uso contínuo da medicação para que seu efeito seja duradouro. A retirada precoce pode fazer com que os sintomas iniciais retornem, e em algumas vezes em maior intensidade. Existe uma forma correta de reduzir as medicações na hora da retirada, gradualmente e em acompanhamento com seu assistente.
Por isso, se você iniciou um tratamento psiquiátrico com medicações e tem dúvidas quanto ao seguimento, não deixe de saná-las durante a consulta. Não interrompa o tratamento de forma abrupta e faça modificações ou ajustes apenas orientados pelo seu médico assistente.