Estigma em relação aos transtornos mentais
Um dos grandes desafios no cuidado da saúde mental é o estigma; com frequência, os transtornos mentais são vistos como algo estigmatizante, uma marca que o diferencia negativamente na sociedade e, em decorrência disso, pacientes sofrem segregação e seu valor é questionado.
Com a estigmatização dos transtornos mentais, é frequente a dificuldade o acesso ao tratamento; por vezes, as queixas clínicas são pouco valorizadas (considerada “normais”) ou tratadas de forma pejorativa (ex.: “frescura”). Dessa forma, há uma maior dificuldades da sociedade como um todo em compreender o sofrimento psíquico e quadros que necessitam de intervenção profissional. Além disso, além de não ocorrer o devido entendimento, em função do estigma, há ocorrência de menos oportunidades para tais pacientes (ex.: atividades laborais), frequentemente são vítimas de bullying e discriminação, levando a um prejuízo da autoestima.
Não é infrequente que diante do sofrimento psíquico, o indivíduo com transtorno mental e sua rede de apoio não cheguem a um serviço de saúde – acabam por buscar formas alternativas de cuidado, como fortalecimento pela religiosidade, por exemplo. Entretanto, quando efetivamente chegam em um serviço de saúde, o atendimento geralmente se dá em um primeiro momento por profissionais da atenção primária, pois receiam a busca pelo profissional especializado. Realmente, o tratamento em ambiente de atenção primária à saúde pode contribuir para redução do estigma para si, para pacientes do serviço e a própria equipe de saúde. Neste sentido, pode contribuir, em uma perspectiva de saúde pública, para o entendimento do transtorno mental como uma condição que ocorre na população tanto quanto qualquer outra condição médica geral. Entretanto, o atendimento especializado, principalmente para casos moderados a graves, com acompanhamento multidisciplinar, muitas vezes poderá contribuir positivamente no tratamento.
Para avançarmos como sociedade, devemos cada vez mais falar abertamente sobre questões de saúde mental, em diferentes cenários. A conscientização e posterior compreensão real dos transtornos mentais auxília o combate ao estigma, em paralelo ao reconhecimento do transtorno mental como apenas um elemento que compõe o sujeito, não podendo ser mais compreendido apenas com o rótulo de “paciente”, mas sim de “indivíduo”, com todas suas singularidades.